Uma em cada quatro crianças tem problemas de sono
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Uma em cada quatro crianças tem problemas de sono
Uma em cada quatro crianças tem problemas de
sono, muitas vezes provocados por uma actuação incorrecta dos pais. Na
casa dos Abreu, a filha dorme apenas três horas por dia e a mãe está «à
beira da loucura».
Às quatro da manhã, Elsa Abreu e a pequena Beatriz decidem pintar
aguarelas. Na televisão já não dá nada de interessante e é preciso
ocupar as horas da menina de sete anos até ser dia. Segundo o presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Luís
Januário, "25 por cento das crianças normais experimenta, em algum
momento da infância, um problema do sono". Bia não pertence a este
grupo de crianças: sofre de neurofibromatose e é hiperactiva.
"Para ela, basta dormir três horas e ganha energias para o dia
todo. O pior é que eu não consigo acompanhar o ritmo", diz Elsa Abreu
que, depois de oito horas a trabalhar no serviço de pediatria dos
Hospitais da Universidade de Coimbra, ainda faz limpezas para duas
senhoras. Quando chega a casa só sonha descansar, mas tem à sua espera
a filha com hiperactividade.
"É extremamente complicado do ponto de vista psicológico e físico. O
corpo ressente-se por não dormir à noite, noto que não tenho a mesma
memória nem a mesma paciência. Sinto que entrei numa depressão, mas não
posso fazer qualquer medicação, porque senão não ouço a Bia", diz.
Sem apoio do pai, é Elsa quem está presente todas as noites,
quando Beatriz não tem sono. Os serões são passados a ver televisão,
pintar, jogar cartas e playstation, que comprou por sugestão de um dos
muitos médicos da filha.
"A sorte é que com os canais por cabo há sempre desenhos
animados para ver. Mas às vezes ela farta-se de ver bonecos. Ontem, às
quatro da manhã dei por mim a pintar aguarelas", recorda a mãe, que se
esforça por aproveitar todos os minutos livres para tentar pôr o sono
em dia.
No entanto, as noites de martírio não são exclusivas das famílias com
crianças doentes. Em muitos lares, a chegada da noite é sinónimo de
horas difíceis. O momento de ir deitar é vivido com ansiedade por
crianças e pais, que desconhecem ser muitas vezes os responsáveis pela
situação.
"Os distúrbios do sono são muito frequentes nas crianças e o
mais frequente é a má definição de limites. Os miúdos recusam-se a ir
dormir e os pais têm dificuldade em exercer uma autoridade normal e
saudável, criando maus hábitos", alerta Teresa Paiva, especialista em
distúrbios de sono, a propósito do Dia Mundial do Sono, que se assinala
sexta-feira.
A opinião é partilhada pelo presidente da SPP, Luís Januário,
que aponta a resistência ao adormecimento como um distúrbio do sono
associado a "regras parentais pouco firmes relativamente à hora de
deitar".
Nos primeiros anos de infância, "a situação mais frequente é a
perturbação associada ao início do sono, em que as crianças não têm
capacidade para adormecer sozinhas e, de cada vez que acordam, são
incapazes de readormecer", sublinha.
Já nas crianças mais velhas e nos adolescentes "predomina a
dificuldade em iniciar ou manter o sono e a privação crónica de sono".
Os terrores nocturnos e os pesadelos também são responsáveis por muitas
noites mal dormidas. Depois de "noites de pesadelo", as crianças podem ficar muito irritadas
e verdadeiramente insuportáveis, sobretudo para quem não percebe que na
origem daquele comportamento está um problema do sono.
Luís Januário admite que "alguns pais, educadores e médicos não
relacionam comportamentos desorganizados, irritabilidade excessiva e
dificuldades de concentração com perturbações do sono".
O especialista lembra que "não existe uma receita pronta a usar" para
uma boa noite de sono, mas deixa alguns conselhos: criar uma disciplina
na hora de ir para a cama e criar um ambiente propício a uma noite
tranquila. Conhecer os ciclos do sono e o modo como estes se organizam pode também ser uma mais valia na guerra contra as noites em branco.
Diário Digital / Lusa
sono, muitas vezes provocados por uma actuação incorrecta dos pais. Na
casa dos Abreu, a filha dorme apenas três horas por dia e a mãe está «à
beira da loucura».
Às quatro da manhã, Elsa Abreu e a pequena Beatriz decidem pintar
aguarelas. Na televisão já não dá nada de interessante e é preciso
ocupar as horas da menina de sete anos até ser dia. Segundo o presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, Luís
Januário, "25 por cento das crianças normais experimenta, em algum
momento da infância, um problema do sono". Bia não pertence a este
grupo de crianças: sofre de neurofibromatose e é hiperactiva.
"Para ela, basta dormir três horas e ganha energias para o dia
todo. O pior é que eu não consigo acompanhar o ritmo", diz Elsa Abreu
que, depois de oito horas a trabalhar no serviço de pediatria dos
Hospitais da Universidade de Coimbra, ainda faz limpezas para duas
senhoras. Quando chega a casa só sonha descansar, mas tem à sua espera
a filha com hiperactividade.
"É extremamente complicado do ponto de vista psicológico e físico. O
corpo ressente-se por não dormir à noite, noto que não tenho a mesma
memória nem a mesma paciência. Sinto que entrei numa depressão, mas não
posso fazer qualquer medicação, porque senão não ouço a Bia", diz.
Sem apoio do pai, é Elsa quem está presente todas as noites,
quando Beatriz não tem sono. Os serões são passados a ver televisão,
pintar, jogar cartas e playstation, que comprou por sugestão de um dos
muitos médicos da filha.
"A sorte é que com os canais por cabo há sempre desenhos
animados para ver. Mas às vezes ela farta-se de ver bonecos. Ontem, às
quatro da manhã dei por mim a pintar aguarelas", recorda a mãe, que se
esforça por aproveitar todos os minutos livres para tentar pôr o sono
em dia.
No entanto, as noites de martírio não são exclusivas das famílias com
crianças doentes. Em muitos lares, a chegada da noite é sinónimo de
horas difíceis. O momento de ir deitar é vivido com ansiedade por
crianças e pais, que desconhecem ser muitas vezes os responsáveis pela
situação.
"Os distúrbios do sono são muito frequentes nas crianças e o
mais frequente é a má definição de limites. Os miúdos recusam-se a ir
dormir e os pais têm dificuldade em exercer uma autoridade normal e
saudável, criando maus hábitos", alerta Teresa Paiva, especialista em
distúrbios de sono, a propósito do Dia Mundial do Sono, que se assinala
sexta-feira.
A opinião é partilhada pelo presidente da SPP, Luís Januário,
que aponta a resistência ao adormecimento como um distúrbio do sono
associado a "regras parentais pouco firmes relativamente à hora de
deitar".
Nos primeiros anos de infância, "a situação mais frequente é a
perturbação associada ao início do sono, em que as crianças não têm
capacidade para adormecer sozinhas e, de cada vez que acordam, são
incapazes de readormecer", sublinha.
Já nas crianças mais velhas e nos adolescentes "predomina a
dificuldade em iniciar ou manter o sono e a privação crónica de sono".
Os terrores nocturnos e os pesadelos também são responsáveis por muitas
noites mal dormidas. Depois de "noites de pesadelo", as crianças podem ficar muito irritadas
e verdadeiramente insuportáveis, sobretudo para quem não percebe que na
origem daquele comportamento está um problema do sono.
Luís Januário admite que "alguns pais, educadores e médicos não
relacionam comportamentos desorganizados, irritabilidade excessiva e
dificuldades de concentração com perturbações do sono".
O especialista lembra que "não existe uma receita pronta a usar" para
uma boa noite de sono, mas deixa alguns conselhos: criar uma disciplina
na hora de ir para a cama e criar um ambiente propício a uma noite
tranquila. Conhecer os ciclos do sono e o modo como estes se organizam pode também ser uma mais valia na guerra contra as noites em branco.
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