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Hipoterapia para crianças com problemas especiais com resultados bastante positivos em Carragozela

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novo Hipoterapia para crianças com problemas especiais com resultados bastante positivos em Carragozela

Mensagem por Admin Ter Mar 03, 2009 7:52 am

Telma muda comportamentos ao fim de seis meses
Nos últimos dois anos, a Associação Equestre “Entre Amigos”, em Carragozela (Seia), tem tido como objectivo melhorar a qualidade de vida da população com necessidades especiais.
O método utilizado tem sido a hipoterapia, um método terapêutico e educacional destinado a indivíduos com deficiência, insucesso escolar ou comportamentos desviantes. Trata-se, em grande parte dos casos, de crianças e jovens que sofrem de paralisia cerebral, autismo, síndroma de Rett (uma doença degenerativa) e tetraplegia. É um tratamento dinâmico que usa o movimento do cavalo desenvolvendo o equilíbrio, postura, mobilidade, bem como a parte cognitiva, comunicação comportamental e psicológica. Andar a cavalo oferece benefícios devido à transmissão contínua de movimentos entre o cavalo e o cavaleiro.
De acordo com a responsável pela Associação Equestre, Mónica Monteiro, «tem sido com muita dificuldade financeira e com um grande esforço da parte da Associação e dos seus voluntários que temos tido excelentes resultados», como aqueles que passaremos a contar, relatados pelos pais, professores de Educação Especial e monitores de alguns dos alunos.


João e Daniela melhoram equilíbrio, auto-estima, confiança e autonomia
Histórias de recuperação
A Daniela, com 9 anos de idade, é portadora de multideficiência: síndrome polimalformativo com cariotipo N. Segundo Mónica Monteiro, responsável pela Associação Equestre “Entre Amigos”, «quando começou a fazer hipoterapia, há cerca de um ano, a menina apresentava dificuldade no movimento e no equilíbrio de pé. Enquanto parada e mesmo quando sentada numa cadeira normal o seu corpo desequilibrava-se», mas agora «temos vindo a observar que a nossa filha melhorou o controlo da sua postura, já consegue pôr-se em pé sozinha, deslocar-se dentro de casa e subir e descer escadas com a ajuda de um adulto», descreve a mãe Vanda Cardoso.
Para Ana Alves, professora de Educação Especial, «da observação que temos vindo a fazer consideramos que a hipoterapia tem ajudado a Daniela a diversos níveis. Melhorou no equilíbrio postural, já consegue manter o equilíbrio enquanto sentada, movimenta-se com mais facilidade e parece ter melhorado a sua auto-estima», sublinha.

A maior dificuldade da Telma eram as coisas que se fazem no dia-a-dia, como comer, vestir-se, lavar-se, escrever, concentração, entre outras tantas coisas, descreve a mãe Paula Clara, que refere que descobriu a Associação Equestre há dois anos e que ao fim de seis meses «começámos a notar diferenças nas atitudes da Telma. Ela já comia de faca e garfo, segurava o lápis com perfeição, dobrava a roupa com menos dificuldade, subia e descia escadas sem ser trapalhona e até na sua postura se denotava uma grande evolução», realça com bastante satisfação.
Paula Clara enaltece o facto de «num meio pequeno como o nosso, são este tipo de associações que marcam a diferença e que tornam muitos jovens, catalogados como deficientes, em grandes homens e mulheres do amanhã».
O João também já é um caso de sucesso. Tem sido acompanhado no Hospital Pediátrico de Coimbra, em consultas de neuro pediatria, onde lhe foi diagnosticado o Síndrome de DAMP. Sabendo que a hipoteropia consiste num método educacional que favorece a alfabetização, socialização e o desenvolvimento global de alunos portadores de necessidades educativas especiais, «recorri à Associação no início do ano lectivo 2008/2009, a fim de colmatar deficiências a nível da concentração e motricidade que o meu filho apresenta», refere Licínio Amaral. Apesar do pouco tempo decorrido, o pai do João adianta que o seu filho «já manifesta algumas melhorias, nomeadamente a nível de noção de espaço e postura, voz e pronuncia, auto-estima, confiança e autonomia». Por isso, adianta que este tipo de Associação «merece todo o apoio dos organismos estatais, porque para além do contributo que prestam às pessoas portadoras de alguma deficiência o fazem de forma desinteressada».
Para Hendrien Silva, monitora da Casa de Santa Isabel, «é tão bom» estar na Associação Equestre, onde «somos todos iguais, todos nós temos limites mas todos aprendem, todos ajudam a ensinar uns com os outros e já não há barreiras». Descreve que esta relação ocorre entre os adultos, os jovens e o cavalo. «É com ele que construíram uma ligação não só de afecto mas também de trabalho, e é ele que nos oferece o momento terapêutico que nos faz ficar melhor…». Destaca que os alunos da Casa de Santa Isabel só começaram a terapia há meio ano mas já tem algumas histórias para contar.
Apresentou-nos a Flor, uma jovem «mentalmente retardada, tem asma e ligeiros limites físicos». Refere que ela não gostava de fazer tarefas mas que aos poucos foi progredindo nesse sentido. «Agora fala com o cavalo como se fosse um bom amigo e limpa-lhe a box sem problemas. Estamos a criar uma base para que o cavalo possa dar um apoio a Flor, para melhorar a situação física e diminuir a asma», adianta Hendrien Silva.
Esta monitora da Casa de Santa Isabel destaca também todo o processo de desenvolvimento do Marco. «Nunca pensei que era capaz de montar, achei que só iria ajudar na limpeza dos cavalos, mas ele monta e isso dá-lhe tanta alegria». Também o António «já monta autonomamente mas ainda tem que aprender os pormenores», porque, ao que parece, «tem a tendência de entortar as costas» tendo a esperança que melhor a postura.

Falta de apoios governamentais
Mónica Monteiro agradece em nome da Associação a todas as pessoas do Concelho, de Portugal e de alguns países pela ajuda que têm dado, contribuindo «para estes resultados e contribuindo para a felicidade de muitas crianças e adultos», sublinhando que sem as ajudas que vão sendo disponibilizadas «era impossível ouvir estes testemunhos e ver estas pessoas com uma qualidade de vida um pouco melhor». A responsável pela Associação Equestre tem conhecimento de que «há mais pessoas» que poderiam beneficiar dos serviços da Associação «embora seja necessária mais colaboração e iniciativa por parte dos responsáveis».
Na Associação Equestre “Entre Amigos” podem beneficiar da hipoterapia os portadores de paralisia cerebral, síndrome de Down, esclerose múltipla, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, traumatismos crânio-encefálicos, acidentes vasculares cerebrais, autismo, dificuldades em aprendizagem e fala, dificuldades de atenção, espinha bífida, distúrbios visuais e/ou auditivos, distrofias musculares, retardo mental, desordens emocionais e amputações.
De acordo com Mónica Monteiro, a equitação terapêutica «melhora a concentração, o processamento dos pensamentos, a habilidade para articular as emoções e orientação espacial. Proporciona a relação amigável dos participantes com o cavalo, com o instrutor e voluntários, desenvolvendo a confiança. É eficaz no controle das emoções e reforça comportamentos adequados. O contacto com o cavalo proporciona um meio não-competitivo de aprendizagem. Novas habilidades, auto-disciplina e melhora da concentração constrói auto-confiança».
Adianta que é através da equitação que se obtém «uma imagem pessoal positiva. Geralmente as pessoas portadoras de deficiência experimentam independência pela primeira vez nas suas vidas. Eles também desenvolvem o sentido de equipa, a auto-estima e a arte de montar. A hipoterapia necessita de uma equipa composta por cliente, cavalo, guias de cavalo, terapeutas, instrutor de equitação e cuidados especiais».


Processo de aprendizagem e socialização

Análise e Selecção – Análise e selecção do aluno em questão, conjuntamente entre o monitor equestre e uma psicóloga, permitindo trabalhar racionalmente e prestando um maior apoio aos alunos que se inscrevam.
Preparação do aluno – Todo o aluno deve apresentar o equipamento minimamente exigível, tal como, botas de cano alto e toque para protecção pessoal.
Aproximação e Conhecimento – Esta é uma fase muito importante, onde o aluno deve conhecer o local de trabalho e todos os equipamentos necessários para a função desta actividade, assim como a “apresentação” do aluno ao cavalo.
Limpeza e Higiene do cavalo, assim como das suas instalações e conhecimento da sua alimentação, cuidados a ter com esta e a forma como se deve tratar.
Fase de Volteio – A 1ª fase da equitação que irá acompanhar o aluno durante o tempo de adaptação, e vai desta forma tomar a percepção do ritmo e todos os movimentos executados pelo cavalo (300 músculos), e tomando o equilíbrio necessário.
Fase da Sela A – Aqui o aluno irá começar por ser ele sozinho a ir tomando o controlo e tornando-se independente.
Fase da Sela B – Nesta fase o aluno estará preparado para ficar completamente independente.


fonte: Porta da Estrela


Parabéns pelo excelente trabalho e um beijo de felicitações especialmente à Mónica!
p.s. especialmente porque tenho tido a oportunidade e privilégio de contribuir para este ambicioso mas nobre projecto Smile
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